Irmãs de Santa Catarina: uma obra monumental

O Hospital Sagrada Família começou a nascer em 1917, quando as Irmãs de Santa Catarina passaram a atender doentes em um prédio situado onde hoje existe a Escola São Sebastião A Escola de Formação já preparou 29 irmãs que hoje atuam pelo pais e pelo mundo A Escola São Sebastião, que antes foi Ginásio, começou em 1910, como escola de meninas As Irmãs de Santa Catarina chegaram ao Caí em 1910, tendo começado suas atividades de forma muito modesta. Com abnegação e persistência, elas trabalharam pela população caiense e da região durante cem anos e produziram uma fantástica obra, principalmente nos campos da educação e da saúde. Além da assistência social e religiosa. Tudo começou com uma escola para meninas. O que vinha complementar o trabalho dos Irmãos Maristas, que já tinham na cidade um colégio destinado apenas para os meninos. Desde o início do século XX, as Irmãs de Santa Catarina haviam se instalado em Novo Hamburgo e, em 1904, o pároco de São Sebastião do Cai, padre José Siemen, que era jesuíta, fez um pedido à superiora provincial, Irmã Camila Rex, para que as irmãs de Hamburgo Velho (hoje um bairro de Novo Hamburgo), passassem a cuidar, também da educação das crianças caienses. No dia 22 de dezembro daquele ano, a Superiora Provincial Camila Rex, acompanhada da Vice Geral da congregação no Brasil, Irmã Gaudência Glaw, foi conhecer o Caí e as condições que lhes eram oferecidas para desenvolver o seu trabalho. O que viram não foi muito animador. Mas, sentindo a necessidade que as meninas católicas na cidade tinham de instrução e apoio, aceitaram o desafio. Mas foi só no dia 12 de fevereiro de 1910, que cinco irmãs se dirigiram ao Caí para começar a missão. Fazia muito calor e, por isso, elas partiram pouco depois da meia-noite, evitando o sol abrasador. As irmãs viajaram numa carreta rústica, do tipo usado pelos colonos para o trabalho agrícola, puxada por quatro burros. Vieram as superioras Gaudência e Camila e mais três freiras que constituiriam o núcleo pioneiro responsável pela nova escola: Asela Heinrich, Salésia Müller e Generosa Kardukewiz. Elas chegaram no Caí às duas horas da tarde, trazendo consigo alguns colchões de palha e utensílios para a cozinha, assim como para a escola. Tudo muito escasso e modesto. Na chegada, as irmãs foram recepcionadas pelo novo padre Carlos Schwertzchlager, também jesuíta, e por populares animados com a vinda das professoras que iriam educar as suas crianças. A recepção se deu às duas horas da tarde. Foi colocado à disposição das irmãs um dos prédios que haviam no local onde hoje funciona a Escola Estadual São Sebastião, de frente à praça central da cidade. As condições do prédio eram muito precárias, mas elas não perderam tempo em lamúrias. Trataram de arrumar as salas para que a escola começasse a funcionar no dia 15 de fevereiro. Três dias após a chegada. Não havia uma cozinha, para as irmãs preparem a sua comida. Mas a madre Gaudência não se apertou. Com um tripé improvisado, colocado embaixo de uma árvore, ela preparou um café que as irmãs saborearam com prazer. Elas também não tinham camas e dormiram sobre colchões colocados sobre o assoalho. Mas nenhuma dessas carências impediu as irmãs de, em 15 de fevereiro de 1910, abrir a escola que contou - já de início - com 70 alunas. Seu nome era Escola Santo Antônio. E, além da escola, as irmãs passaram logo a dar assistência à paróquia, cuidando da limpeza e ornamentação da igreja e dos paramentos. Assumiram também o canto coral e o acompanhamento musical ao órgão. Assim, de forma muito modesta, as irmãs começaram seu trabalho na Paróquia de São Sebastião. Um trabalho que completa agora um século de inestimáveis serviços e de inestimável benefício para a população. A escola cresceu rapidamente, pois era grande a necessidade de ensino para as meninas caienses. Mas, como haviam outras necessidades do povo que não eram atendidas, as irmãs não pararam por aí. Em 1917, no dia 17 de fevereiro, foi fundado um asilo para idosos que recebeu o nome de Sagrada Família. As irmãs abriram mão da sua moradia para a instalar o asilo e acolher os idosos, ganhando para elas a casa situada na esquina das ruas Henrique D´Ávila com Marechal Floriano (nomes atuais). Ao longo dos anos, a escola foi crescendo até que, em 1954 as Irmãs de Santa Catarina passaram a sua administração para as Irmãs Bernardinas. Surgiu daí o Ginásio São Sebastião que, mais tarde transformou-se na atual Escola Estadual São Sebastião. Dois anos depois, em 1919, mesmo em condições muito precárias, as irmãs começaram a atender - no mesmo local - a pessoas doentes. Começava, assim, a surgir o Hospital Sagrada Família. Se a carência de recursos das irmãs era enorme, maiores ainda eram as necessidades da população pobre. E as irmãs, premidas pela necessidade de amenizar os padecimentos das pessoas, passaram logo a acolher também crianças órfãs. Aos poucos o atendimento aos doentes foi crescendo e melhorando. Pessoas de todas as localidades vizinhas recorriam ao atendimento oferecido pelas irmãs no seu precário estabelecimento. Então a comunidade se mobilizou e, através a organização católica chamada União Popular, tratou de construir o Hospital Sagrada Família, na encosta do morro. No mesmo local onde hoje se encontra em prédio grande e majestoso. As obras começaram em 1934 e a inauguração ocorreu em 14 de março de 1937. Em seguida começou, ao lado, a construção do asilo de idosos, que estendeu-se de 1939 até 1944. As irmãs também desenvolveram trabalhos de catequese nas comunidades de Várzea do Rio Branco, onde davam aulas às crianças embaixo de uma árvore e para onde iam de carroça. E, em 1933, inauguraram lá uma capela. Fizeram o mesmo na comunidade de Campestre de Santa Terezinha. Em 1974, o asilo do hospital foi transformado em unidade psiquiátrica. Em 1985, a escola de formação de religiosas veio transferida para o Caí, ocupando os prédios da antiga Escola Agrícola, que estavam abandonadas. Até hoje formaram-se ali 29 Irmãs de Santa Catarina, que atuam pelo Brasil e pelo mundo, levando saber e saúde para quem mais necessita desses benefícios. A obra desenvolvida pelas Irmãs de Santa Catarina no Caí é grandiosa como os prédios do Hospital e delicada como o sorriso que estas irmãs utilizam como ferramenta para praticar o bem pelo mundo afora. Fato Novo, dia 03 de Novembro de 2010.

Publicado: 01/11/2010 às 12:46